segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Cap IX

No capítulo anterior, descobrimos que o corcunda maltrapilho, Igor Quasiúmido, não era maltrapilho coisa nenhuma, e sim, se tratava de um coronel aposentado das forças armadas de Lorde de Good End, descobrimos, também, que ele era um exímio dançarino de For All e professor de dança de um antepassado do magnífico Michael Jackson, que, diga-se de passagem, seu ancestral, pelo jeito, não dançava porra nenhuma. E,o que nos deixa mais pasmos, descobrimos que naquela época já existiam pessoas que tinham o mal hábito de fazerem previsões ruins para o futuro, como por exemplo, o nosso Barão de Gorgonzola, que previu que o For All ia dominar, de certa forma, o mundo inteiro. Bom, se o For All for um parente muito antigo do Forró, infelizmente o Barão acertou em sua profecia.
E por falar em profecias, previsões, adivinhações e uma montoeira de besteiras esotéricas desse tipo, você, leitor (a) desse virtual book, adivinha quem o nosso protagonista, Naced, acabou conhecendo na festa do castelo real de Molly Kingdown?
Não conseguiu adivinhar, né?
Pois eu vou lhe revelar!
O Conde Naced conheceu o grande mago da era pós-medieval... isso mesmo, ele conheceu, nada mais, nada menos, que o grande Iaba, aliás, SIR Mago Iaba! É, agora Mago Iaba ganhou o título honorífico de SIR.
Bem, eles se conheceram da seguinte forma:
Passando pelo salão de festas, abarrotado de pessoas, que agora j´[a não bailavam a merda do For All, mas sim um som muito melhor, que de passagem lembrava o nosso bom e velho Rock and Roll, Naced e Gorgonzola, é, eles mesmos, começaram a se chacoalhar e sacudir a cabeça, como se reverenciassem todos os Deuses da Rock Music, principalmente o primeiro roqueiro do mundo, o Beto, conhecido como Amadeus Strauss Beethoven, que estava regendo a Orquestra Filarmônica de Molly Kingdown! Naced não agüenta e grita a todos os pulmões:
- É isso aí, Beto! Não pára não! Bota pra fodê, bota pra fodê! – Vira-se para o Barão e diz todo eufórico – E então, caro Barão, ainda acha que aquela porcaria de For All vai fazer frente a esse tipo de música?
E o Barão de Gorgonzola, que ainda se encontrava se saculejando ao som do Beto, dá uma parada, se ajeita, enxuga o suor da testa e responde:
- É... devo admitir que por mais que o For All tente, nunca chegará aos pés da música de Beto e de seu discípulos do Rock And Roll! Mas, caríssimo amigo, vamos logo ao terraço , pois preciso me recompor; após esse agito todo estou necessitado de um pouco de ar.
Conde Carcot ri e diz ao amigo barão:
- É... o digníssimo companheiro está ficando velho para essas agitações!
Gorgonzola, ao ouvir aquela piadinha, lhe responde prontamente:
- Meu amigo, ninguém é velho o suficiente para curtir boa música, apenas me encontro cansado. E então, vamos ao terraço ou não?
Naced, então, decide acompanhar o amigo até lá fora, para pegar um pouco de ar fresco. Foi nesse instante então que ele, ao virar-se, deu um encontrão com aquele sujeito estranho. Era um senhor alto, de barbas longas e branca, vestido de uma túnica azul escura e chapéu pontudo. Carcot, ao trombar com tal sujeito, pede-lhe desculpas, e qual não foi sua surpresa, quando o velhinho lhe disse:
- Não de desculpe, Conde Carcot, pois esse incidente não foi por acaso... já estava previsto que nos encontraríamos nessa festa nesse exato momento!
Naced de surpreende mais ainda e fala em tom de assustado:
- Não compreendo; eu não lhe conheço, como sabes meu nome e como sabes que nos encontraríamos neste exato momento?
O Mago dá um sorriso brando e lhe responde:
- Meu caro, não espero que acredites em mim, mas lhe peço que ouças com a atenção... eu prevejo o futuro. E previ que nos conheceríamos hoje no castelo de Molly Kingdown, e seria às 9:37 hs, e como podes ver em minha ampulheta, a areia marca exatamente 9:38 hs, pois já se passou um minuto desde quando demos o encontrão.
Carcot olha para ampulheta do mago, tentando entender, sem sucesso, como ele sabia que era aquela hora, afinal de contas, aquele objeto de vidro com areia dentro não dva para identificar as horas, enfim, naquela época não existia nada que desse para saber as horas, aliás, não existia nem relógio e nem tinham a menor idéia do que queria dizer nove horas e trinta e oito minutos. Para todos os efeitos, 937 e 938 vão servir de então para jogar no bicho, pois são duas centenas muito interessantes... Bom, voltando ao que interessa, o velho mago continua falando:
- Deixes que eu me apresente; meu nome é Iaba Byshadha, conhecido como o Grande Mago Iaba, ou simplesmente, SIR Mago Iaba, será que estou me fazendo entender facilmente?
Tanto Naced quanto o Barão, estavam basbacados e perplexos diante daquele sujeito idoso, e, aparentemente, meio gagá, e acham melhor não contrariá-lo. Então o Barão responde, um tanto sem graça, porém educadamente:
- Claro, claro que entendemos! Bem, pelo que entendemos, seu nome é Iago, sua profissão é mágico e está se assumindo bichona! Aliás, se me permites dizer, uma bichona velha! Pois digo-te meu caro Iago, eu não tenho muito interesse em ver vossas mágicas, mas tenho certeza que meu amigo Naced, terás o maior prazer em apreciar vossos truques. Com vossas licenças, irei me retirar!
E com essas palavras ditas, nosso querido Barão de Gorgonzola dá aquela famosa saída à francesa, deixando nosso herói à sua própria sorte... junto com aquele, aparentemente maluco, SIR Mago Iaba.

E agora, o que acontecerá?
Será que Mago Iaba é mesmo uma bichona velha?
Será que Iaba fará o velho truque da cobra sumir?
Será que Naced irá querer ver sua cobra desaparecer? Afinal de contas, essa mágica é velha nos tempo de hoje, mas no século 17 era um truque novo, ou não muito praticado!
Para todas essas e outra respostas, você não pode perder o próximo e emocionante capítulo!

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Cap VIII

Bom... Após ficarem com caras de estúpidos e constrangidos com as broncas e fanfarrice que o Príncipe Bicho lhes dera, mas em Gorgonzola que em Naced, todos acabaram se entendendo e no final ficou tudo bem.
E, obviamente, não puderam evitar que o herdeiro real lhes apresentassem seus amiguinhos, como por exemplo:
Zerjo e sua esposa Dora, Tikeru, Zuddo e a belíssima Pattina, sabendo-se que todos vieram de longínquos lugares para prestigiar o festejo do Reino de Molly Kingdown.
Conde Zerjo de Leváttora e sua digníssima esposa, a condessa Dora Leváttora, vieram da Russiânia, do condado de Levéttora, terra das grandes Árvores.
Duque Tikeru Sent’Anna Vara, da Japônia, país mais ao Oriente; Muitos conhecem pelo cognome patético de “A Terra do Sol Rosado”.
Almirante Zuddo Porp’Icka, da Boyolônia, país báltico, recém descoberto pelo capitão Cristóvão Colomboyolla, o mesmo que descobriu as novas terras da América.
Viscondessa Pattina de Biccu L’Argo, a linda e desejada mulher do país de Botinnone, hoje conhecido como Itália. Apesar de ser lindíssima, ela parece não se interessar muito pelos homens, o que deixou nosso herói muito aborrecido, pois logo após conhecê-la, tentou uma conquista, e qual não foi sua surpresa, quando Pattina lhe disse ao pé-da-orelha que, a fruta que ele tinha não lhe agradava nem o suco, mas fruta que ele gostava, ela lambia até o último caldo. Logicamente, pro bom entendedor, meia palavra basta! E Naced, um tanto sem jeito, sugere ao Barão de Gorgonzola que saiam para tomar um ar fresco, mas Bichop lhes segura dizendo:
- Mas vão sair agora?! Logo agora que eu ia lhe apresentar uma pessoa muito especial.
Carcot, intrigado, e também um tanto suspeitando das intenções de Bicho – pois até então o príncipe herdeiro só lhes apresentara pessoas um tanto, por falta de outra palavra, peculiares -, pergunta ao herdeiro da coroa:
- E quem seria essa personalidade tão especial, Alteza, que gostaria de conhecer um humilde Conde?
Bichop dá uma risadinha enigmática e diz:
- Não posso lhe dizer queridinho, mas posso dizer-te que essa pessoa ficou muito curiosa em saber quem tu eras, pois quando entraste no salão, ela ficou muito empolgada com tua formosura.
Sugismund, percebendo a cara do amigo, e notando uma mistura de curiosidade e aflição que lhe estampava o rosto, dá uma pigarreada e vai ao auxílio do amigo, dando esta desculpa:
- Milord, sei que estás ansioso para apresentar Conde Carcot a ilustríssima persona, mas peço-lhe que deixes para mais adiante, pois, se vós não se incomodares, o conde e eu temos de resolver alguns negócios referentes a trabalho e terras.
Bichop faz uma carinha de triste, faz beicinho, dá uma desmunhecada, põe as mãos na cintura e fala em um tom de chateação:
- Ai, ai, ai, magoei... Homens; sempre conversando de trabalho, negócios, futebol, dinheiro e... BLAGHH! Mulheres! Vocês estão numa festa! Alô Alô! Acordem; vocês estão aqui para se divertirem, não para falarem de negócios!
Gorgonzola e Naced se entreolham, e Naced reforça as desculpas do Barão:
- Sentimos muito, Alteza, mas é uma conversa inadiável. Prometo que, assim que terminarmos, irei prontamente procura-lo para que me apresente à pessoa que deseja me conhecer.
O príncipe, meio a contragosto, aceita as desculpas dos dois, dá um aceninho e dirige-se aos seus convidados, mas, repentinamente, vira-se e diz a Naced:
- Tudo bem, querido, mas assim que terminares a confabulação, me compareça; tenho certeza de que não haverá arrependimento de tua parte!
E retorna novamente aos seus amigos, que o aguardavam alegremente.
Naced solta um suspiro prolongado de alívio e fala ao Barão:
- Agradeço-te, amigo. Eu não sabia como me sair dessa enrascada!
Não precisas agradecer – diz o Barão – amigo é pra essa coisas; mas, como sugeriste a algum tempo, vamos até o terraço pegar um pouco de ar e torcer para que sua Alteza se entretenha e se esqueças de ti.
E Carcot, levantando o olhar para cima, como se fosse apegado aos milagres dos céus, responde:
- Deus te ouça, Barão! Deus te ouça!
E enquanto os dois se encaminhavam ao terraço, Naced se assusta ao olhar pro salão e ver uma estranha figura se requebrando todo, e uma outra, não menos estranha, tentando imitar aquele, também estranho, remelexo. Ele ri e faz uma observação irônica:
- Caraco! O que é aquilo, um gárgula tendo ataque epilético e uma múmia com acesso de cãibras no meio do salão?
O Barão olha na direção do evento indicado por Naced, avalia, e diz ao amigo:
- Ah! Não, meu caro Conde! Aquele “Gárgula” é o coronel Igor Quasiúmido, ele está dançando, e, pelo jeito, está tentando ensinar alguns passos ao pé-de-chumbo do Marquês...
E antes de Gorgonzola terminasse a explicação, Naced o interrompe com o maior ar de surpresa:
- Igor Quasiúmido... Coronel Igor Quasiúmido?! Não é possível... e eu que pensei...
E Naced pára de falar, como se dissesse a si, “e eu que não acreditei em suas palavras”, e dá um leve sorriso como se risse de si mesmo. O Barão, percebendo que Naced estava mais surpreso que antes, pergunta:
- Por um acaso, o amigo conheceu o Coronel Quasiúmido?
E Carcot lhe responde informalmente:
- Sim, conheci. Mas não imaginei que fosses estar aqui na festa, nem tampouco fosses um coronel, mas diga-me, o outro, quem é?
Sugismund, retornando à explicativa, relata ao amigo quem era a tal “múmia” que tentava dançar os passos de Igor:
- Ah! Sim! Aquele pé-de-concreto que está tentando fazer alguns passos de dança, diga-se de passagem, sem sucesso, é o Marquês Jack Michaelson.
E continua o Barão a desmerecer o dançarino que continuava a se esforçar, incansavelmente, a aprender aqueles passos ridículos do corcunda Igor:
- Coitado! Por mais que se esforce, jamais conseguirá se igualar a leveza magistral do Coronel, que, aliás, é o único por essas redondezas que sabe dançar o For All!
Naced se surpreende mais uma vez, e fala num tom de estranhesa:
- For All? Que merda é essa, que nunca ouvi falar?
Agora quem fica surpreso é o Barão, que responde de forma de quem entende:
- Meu caro, For All é um movimente cultural da Paraibânia, em forma de música e dança, que devo dizer-te que predominará o mundo inteiro.
Naced ri, e diz com desdenho ao amigo barão:
- Me desculpe, Barão, mas essa bosta que eu estou vendo, nunca fará sucesso à ponto de predominar o mundo!
Gorgonzola pensa, repensa e fala com certa autoridade:
- Tu verás, tu verás, meu caro conde, tu verás!

domingo, 13 de setembro de 2009

Cap VII

Enquanto os dois companheiros, o Barão de Gorgonzola e Conde Naced, bebericam em suas taças de vinho e se divertem ao lembrarem das histórias dos apelidos – digamos, sensuais -, uma vozinha melosa, um tanto molenga, nem muito fina nem muito grossa, lhes chama a atenção:
- Meus queridos; Barão Sugismund de Gorgonzola e o maravilhosérrimo Conde Naced Carcot de Me Pay Gay d’Quattro... Ah! Me desculpe... aliás, das terras de Tea Pay Gay d’Quattro... És um gozo prazeroso tê-los em meu modesto castelo!
Qual não foi a surpresa, ao olharem à suas frentes e verem aquela figura: alto, magro, peruca loura encaracolada, paletozinho rosa, um babado enorme no colarinho e nos punhos, calça também rosa, até a altura dos joelhos, meias brancas, sapatos rosa-choque com lacinho, sem falar na montoeira de brilhos e lantejoulas – parecia o Clóvis Bornai numa fantasia de destaque de escola de samba. Só que não era o Clóvis Bornai, nem tampouco uma Drag Queen renascentista, mas sim, sua alteza, o Príncipe Herdeiro, Bichop de Paul Molly.
Na realidade, nenhum dos dois estava esperando aquela aparição repentina, mas já que surgira, o mais correto era serem o mais polidos possível.
- Majestade, o prazer é todo meu de ter sido convidado a este festejo – digno de vossa alteza, diga-se de passagem! – disse o Barão Sugismund, fazendo uma reverência respeitosa diante do príncipe Bichop.
- E eu faço das palavras do Barão as minhas, majestade. – Reforçou Naced, também reverenciando o herdeiro da coroa.
Príncipe Bicho, como se sabia, adorava ser bajulado, e já com a face um tanto corada, diz aos convidados, logicamente com uma modesta bastante falsificada:
- Que é isso cavalheiros? Isso é apenas uma humilde festinha de boas vindas; nada que alguns milhõezinhos de dobrões não possa pagar – e continuou a falar o príncipe –, mas, mudando de assunto, há muito não o vejo, Naced. Desde o tempo do colegial, nunca mais o vi aqui no palácio; o que tens feito na vida? – Perguntava o príncipe, todo eufórico, e Naced responde pausadamente:
- Calma alteza, vamos devagar... Bom, primeiro, após concluir o colegial, fiquei a tomar conta das terras da família e dos negócios de chá, pois meu pai entrava-se muito debilitado, e logo veio a falecer. Bem, quanto a nunca ter vindo ao palácio, digamos que nunca houve um convite antes desse evento que hoje ocorre. Enfim, minha vida se resume aos negócios da família – vendas e exportações de vários tipos de chás –, e nos tempos livres, pegar a mulherada, sacumé? Ninguém é de ferro, certo?
Após a narrativa de curta metragem sobre a vida de nosso protagonista, Bicho sente-se no dever de retratar-se e, ao mesmo tempo, aborrecer-se com nosso herói:
- Meu querido Conde, espero que aceite, ainda que um pouco tarde, meus pesares pela passagem de vosso pai, e aproveitando o ensejo, peço-lhe mil desculpas por outrora não tê-lo convidado à ver ao castelo. Mas devo dizer-te também... mas que merda, menino, não tens coisa melhor a fazer em suas folgas além de correr atrás de ... de... AARGH... Mulheres?!
Após ver os trejeitos esbaforidos e fricotices do Herdeiro-Real, Gorgonzola não aguenta e solta uma gostosa risada acompanhada de uma extravagante peido, que prontamente, o amigo Naced tenta, sem sucesso, disfarçar com uma resposta totalmente idiota:
- Pois é, Majestade... tem pessoas que no seu lazer preferem jogar futebol, sinuca, ficarem em botecos enchendo a cara, até mesmo ficarem dormindo o dia inteiro, já eu prefiro me divertir com as donzelas... Enfim, gosto não se discute, não é mesmo? – E termina com um sorriso mais amarelo que cueca com corrimento.
Príncipe Bichop, percebendo a dissimulação da resposta de Naced, e não apreciando a atitude do barão – nem da risada, muito menos do peido –, resolve cutucar os dois à moda Gay Power. Ou seja; o príncipe desceu das tamancas, rodou a baiana e deu um tapa na bunda da pomba-gira e já foi falando:
- O que queres dizer, queridíssimo Naced, é que gosto e igual cú; cada um tem o seu, e olha que de cú eu entendo, e, pelo barulho da carroça, essa ruela já está frouxa e já faz muito tempo, não é, meu caro Barão?
Gorgonzola sem jeito, com a maior cara de tacho por ter levado um esporro do Príncipe, tenta desculpar-se.
- Perdoe-me, Alteza, perdoe-me; eu não sei o que aconteceu, fora muito repentino. Não deu pra segurar o riso e nem tampouco o sopro que saiu por baixo.
O príncipe, que antes sapateava de raiva, agora mais calminha, aceita o pedido de desculpas do Barão, mas não resiste, e faz uma piada do acontecimento:
- Sopro?! Aquilo não fora um sopro, caro Barão; aquilo fora um vendaval, com, direito a trovões e uma rajada de chuva tropical. Se me permites dizer... vá ao toalete e verifique se não houve maiores avarias.
Agora quem está rindo é o príncipe Bichop, por ter por ter desopilado o fígado orgulhoso de si mesmo, por ter feito uma piada tão perspicaz (afinal, naquela época os nobres eram tão sem graça e tão entediosos que mantinham em seus castelos um funcionário de nome Bobo da Corte, que ficava fazendo palhaçadas e contando anedotas, geralmente imbecis e sem graça nenhuma, e toda a Corte caía na gargalhada, muitas vezes sem entender as piadas; eram mesmo patéticos).

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Cap. VI

Após a aula, um tanto debochado, da alta socideconômica do século dezessete, o Barão de Gorgonzola, que era um homem sexagenário, bem calvo, estatura mediana, gordinho - mais pra rechonchudo -, costeletas longas (estilo Elvis) e um bigode enorme que emoldurava seu rosto gorduchinho e, é claro, de riso largo e farto, continuou seu tour pelo salão de festas juntamente com Conde Carcot.
Enquanto os dois caminhavam, Sugismund ia cumprimentando todos os convidados que via pela frente - parecia até um candidato político – e com isso ia apresentando o nosso herói, Conde Naced Carcot, à todos os presentes da festa.

(Meu(a) amigo(a) telespectaleitor(a), se eu for citar todas as personalidades que Naced conheceu, este “Virtual Book” não sairia da festa de Molly Kingdown, e nós temos que por nosso Conde Naced “pra jambrar”, então vamos apenas mencionar alguns personagens para dar andamento na estória, certo? Ah, só pra não esquecer, SOCIDECONÔMICA quer dizer: relativo à sociedade e à economia desta sociedade. (Este Virtual Book também é cultura!). )

Durante a caminhada pelo salão, e algumas apresentações e curvaturas e beijos nas mãos das madames, o barão comenta com Naced:
- Caro amigo, vamos beber alguma coisa, pois já estou com dor nas costas de tantas reverências e os lábios secos de tanto beijar as mãos destas putas velhas.
Carcot concorda com a idéia e ainda faz um comentário... um tanto malicioso:
- O amigo Barão podes estar com dores nas costas, mas não vá me dizer que não gostaste de oscular as manitas das senhoras, que aliás, cá entre nós, sei bem que no passado já teve casos com boa parte delas.
E naced dá uma leve risada para finalizar seu picante comentário.
Sugismund dá uma pigarreada, uma gaguejada, um sorriso meio sem graça e diz um tanto saudoso:
- Devo admitir, meu jovem, adorei beijar suas mãos, e tenho certeza que elas se lembraram do passado; os tempos que me apelidaram de Górgon, o Pica Doce... – E antes que o barão terminasse de relatar suas bravatas do passado, Naced deu uma gargalhada, que quase todos que estavam ao redor olharam surpresos para os dois amigos. Naced, percebendo que chamou muita atenção, pede desculpa ao amigo Barão, lhe dizendo, ainda rindo, só que mais controladamente:
- Me perdoe, Barão, mas não aguentei, essa de Górgon, o Pica Doce, deveras foi demais, espero não tê-lo ofendido.
Gorgonzola, olhando-o com certo desdenho, continuou seu relato arcaico:
Não precisa desculpar-se, caro Conde, já esperava tal reação de tua parte, afinal, és jovem, e como todos os jovens, diverte-se caçoando dos mais velhos. Mas tudo bem, isso não abalará nossa enorme amizade, afinal o caríssimo amigo não tens uma alcunha que lhe tenha sido dado por suas amantes... ou tens?
Carcot, totalmente sem ação, sentindo-se mal pelo esculacho pedagógico que o velho barão lhe dera, responde:
- Hum... bem, não... não senhor. Nunca tive nenhuma designação amorosa pelos meus feitos sexuais.
O Barão olha-o com ar de superioridade, em toda sua experiência de homem mais velho, e lhe fala, com tom brando e de quem sabe o que diz:
- Tranquilize-te, meu rapaz; um dia terás a tua alcunha, e com certeza se orgulhará dela, e com mais certeza ainda, comentará suas aventuras amorosas com alguém mais novo que ti, e com muito mais certeza vos digo... esse filho de uma puta de zona, irá rachar de rir na tua cara!
O Barão de Gorgonzola lhe olha de canto de olhos, esperando alguma reação. Naced, que já se encontrava sem graça, agora está totalmente nocauteado, fora jogado na lona por um velhinho de sessenta anos. Ele pensa e finalmente, com um sorriso-amarelado, diz:
- Ok, você venceu; aprendi minha lição, oh! Grande Górgon, o Pica Doce! – E ri abraçando o amigo.
Sugismund retribui o abraço amigável e fala em tom de ironia para Naced:
- Tens muito o que aprender comigo... Oh! Grande Minhoca Louca!
Carcot, ao ouvir aquela alcunha, começa a rir fartamente, e rindo fala ao Barão:
- Pelo amor de Deus, meu caro amigo Barão, deixe que minhas amantes me apelidem, pois com certeza terão algo melhor que... Minhoca Louca!
E os dois se encaminha para a mesa, pegam uma bebida e brindam àquela tiração de sarro, e é claro, mais uma aula do experiente Barão de Gorgonzola.