sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Cap X pt. 2

Antes de começar, Iaba pensou em fazer alguns rodeios e usar muitas metáforas...
- Tu me perguntas o que eu quero de ti e lhe faço a mesma pergunta... o que queres tu de ti mesmo? Sabes vós como será o mundo dentro de alguns séculos? Não sabes agora, mas teus olhos verão no meio da escuridão a claridade de uma luz... uma luz que não poderás mais sentir seu calor...
Carcot, já um tanto nervoso, interrompe o velho mago:
- Mas... mas... mas que bostaria toda é essa que estás a me dizer, será que não dá pra ir direto ao assunto?
Iaba dá uma pausa, dá uma pequena pigarreada e continua, agora indo mais direto ao assunto:
- Bem, bem, bem... muito bem, meu caro conde. Saiba que à partir desta noite toda a sua vida será modificada. Seu futuro não será mais o mesmo após esta noite, pois irá conhecer alguém, que não posso revelar, que ajudará nessa mudança radical. Mas não se assuste, se souber lidar com a situação, saberás tirar bom proveito dessa transformação, e até vos digo... teu nome será eternizado num livro virtual. É claro, isso só lá pro século 21 em diante. Ah! Antes que eu me esqueça, a pessoa que irás conhecer, parece ser o que queres, mas não é aquilo que pesas, portanto, muito cuidado nas próximas horas!!!
Após toda essa falação, o mago faz uma montoeira de gesticulações, diz uns abracadabras muitos dos fajutos e... não acontece nada! Percebendo que não conseguiu nenhum efeito especial para uma saída clássica, do tipo fumaça colorida, explosão ou algumas estrelinhas, meio sem graça, mas sem perder a pose, diz um simples mas retumbante “Boa Noite” no mais clássico estilo Cid Moreira e sai de cena, tão enigmático como sua aparição.
Carcot, recostado na mureta do terraço, fica a ver o velho mago afastar-se e sumir no meio da multidão que se encontrava dentro do salão de festas do castelo de Molly Kingdown... agora sozinho, passa a refletir sobre tudo aquilo que ouviu...
- Puta merda, “será o Benedito ou o pai dele?” Só me aparece malucos! Mas, analisando melhor o assunto, como é que esse feiticeiro, mago ou sei lá o que conseguiu ler meus pensamentos e como ele soube do meu caso com a...?
Nesse instante, Naced é interrompido por uma voz já bem conhecida por ele. Não só a voz, mas o sotaque muito característico:
- Ôooo sinhô Condi, o sinhô ta aí, meu rei?
Sim... era ele mesmo... Igor Quasiúmido, o corcunda dançarino. Ele estava procurando conde Carcot para dar-lhe um recado.
- Pois tu num sabi que tava ti preocurando pra ti dá um recado do príncipe Bichona...?
Nesse momento, Naced lhe interrompe para corrigi-lo:
- Queres dizer Príncipe Bichop, não é, meu caro?
E o corcunda, com uma cara de cú melado, diz à Naced:
- Hã... sim, sim, é craro... Bichop. É queu mi confundi, num sabi? Afinar, o príncipe é tão inducado que inté parece qui tem outro nomi. Mas dexa pra lá... bão, o recado que tenho pra tu é que o príncipe qué que vóis mecê vá falá cim ele e é pra já!
Fodeu!
Como se não bastasse aparecer o mago metido a profeta, agora o viadinho do príncipe está cobrando a prosa que Naced ficou lhe devendo. O conde esfrega a mão nervosamente no rosto, pensa, respira fundo e fala para Igor:
- Está bem. Avise a vossa alteza que dentro de alguns minutos irei confabular com ele!
O corcunda percebe algo errado com nosso herói e pergunta:
- Argum pobrema, meu rei?
Naced respira fundo e pensa em dizer “Pobrema quem tem és tu, ô corcunda burro, aliás, tu deves ter todos os pobremas do mundo”, mas achou melhor não descontar suas neuras no pobre Igor, e lhe deu outra resposta:
- Não, nenhum problema, eu só estou um pouco exaltado e vou dar uma relaxada aqui fora; irei dar um “tapa na pantera” pra dar uma descontraída, depois irei falar com o príncipe.
Ao ouvir isso, o corcunda olha desconfiado para um lado, olha para o outro e fala em voz baixa:
- Huuuum... isso é muito do bão, meu rei, si por um acaso sobrá um ponta do rabo, seria possível arranjar pra mim?
Corcot olha com ar de surpresa para Quasiúmido, afinal de contas ele era um militar aposentado, mas enfim...
- Claro, meu amigo – disse Naced -, aliás, irá sobrar mais do que um rabo da ponteira que tenho comigo, vai dar para vós se divertir por um bom período de tempo!
Igor, todo radiante e sorridente, sai para dizer ao príncipe o recado de Naced, mas antes de ir ele diz:
- Ta bão, meu rei, eu vô avisá vossa arteza, mais num esqueça di deixá a parada comigo antis do próximo capítulho, certu?
Carcot, já com a pantera em brasa, responde com o fôlego travado:
- Podes crer... só... podes crer, mermão! Quando tu voltar o lance vai estar na tua mão... só...

E dessa forma terminamos mais um capítulo. E descobrimos que naquela época os nobres e os soldados das forças armadas real curtiam algo mais... além de cheirar rapé!

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Cap X pt. 1

Após a saida, ou se preferir, a fuga magistral do Barão de Gorgonzola, Naced ficara sem jeito e sem desculpas para dar um perdido em Iaba, e, antes de dissesse alguma coisa, Iaba já se prontificou a consertar o mal entendido dizendo:
- Desculpe-me, Conde, acredito que falei tão rápido que vosso amigo interpretou de forma errônea, mas se me permitir, retificarei este erro.
Logo ao ouvir essas palavras, Carcot se aliviara e, mais tranquilo agora, diz ao mago:
- Mas é óbvio que quero que vós se expliques melhor, pode começar a falar.
E o mago com olhar de desaprovação, sacode a cabeça em sentido negativo, ajeita o chapéu pontudo, dá uma leve esticada na longa barba branca e começa a falar:
- Bom, em primeiro lugar, senhor conde, meu nome não é Iago, e sim Iaba. Em segundo lugar, não sou um mágico, mas sim um mago, pois faço parte do pacto dos antigos sacerdotes persas, e fui honrado com o titulo honorifico de Sir por nosso valoroso rei Cornélius de Paul Molly, será que agora estou me explicando bem?
Naced estava atento a todas as palavras do velho mago e lhe pede que prossiga... E Iaba prontamente prossegue em sua narrativa:
- Muito bem, em terceiro lugar, se me permite a rudeza, bichona velha é a puta que pariu o vosso amigo. Em quarto lugar, eu, como mago, posso sim prever o futuro. Aaah, e antes que me esqueça, se quiseres arranjar um jeitinho de sair fora de nossa conversa, esteja a vontade, mas ficar a pensar que sou um velhote "trelelé"... Hãn, isso eu não admito!
Ao ouvir aquilo, nosso herói arregalou os olhos de tanto espanto, e antes que pudesse perguntar algo, o mago já lhe foi respondendo:
- É isso mesmo, meu caro conde, eu, sir Mago Iaba Byshadha, também leio pensamentos e sei muito bem o que rolou entre vós e uma certa mileide da corte real em vossa terra há um certo periodo de tempo atrás.
Dito tudo isso, Naced ficara pasmo e paralisado, nunca conhecera ninguém com tais poderes, até mesmo o caso amoroso que tivera com uma certa mulher da realeza ele sabia. Mas como? Nunca falara sobre isso com ninguém, e ela com certeza também não falaria. Nesse instante, Iaba põe a mao sobre seu ombro e diz:
- Bom, bom, bom, agora que nos entendemos, vamos até a varanda, pois sinto que necessitas de um pouco de ar puro para arejar os pensamentos. E não te preocupes, não tenho o menor interesse em lhe chantagear.
Incrível! Até aquilo aquele mágico filho da puta conseguiu ler de sua cabeça.
- Já falei, não sou mágico, e filho da puta é vossa excelência!
Melhor Carcot não pensar mais nada, quando chegar no terraço, ele faz as indagações necessárias ao sir Iaba.
Ao chegarem ao enorme terraço do palácio real, Naced debruçou-se sobre a amureta, ainda chocado com tudo aquilo que ouvira do mago, respira fundo, como se pegasse um pouco de coragem, e pergunta ao mago Iaba:
- Tudo bem, mago, já sei que sabes do meu passado, que lê pensamentos, vê as horas numa ampulheta e não quer me chantagear, então te pergunto, que diabos queres comigo, afinal?
Iaba, percebendo a preocupação de Naced, fala a ele com voz suavizada para acalmá-lo. Mas, sabia ele que o que tinha para lhe revelar era aterrorizante.