quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Cap. XII

Conde Carcot encontra-se agora no toalete, enxaguando a boca e lavando o rosto, primeiro, para tirar o gosto estranho de plástico da boca, segundo, tentar tirar a zonzeira de sua cabeça. Aproveita a estadia para dar uma boa mijada e refletir um pouco sobre o assunto que teve com o velho mago; logicamente não chega a conclusão nenhuma, acaba de mijar, puxa a descarga e sai, vai à pia, lava as mãos, enxuga-as no papel toalha, se olha no espelho, dá uma tapa na juba e faz uma pose de galã de cinema (tipo John Travolta em “Os Embalos de Sábado à Noite”), ajeita a lapela e diz para si:
- Naced, tu é gostoso pra caralho! Se eu fosse mulher, eu dava pra mim mesmo! - E sai do banheiro todo renovado e fazendo passinhos de dança, com direito a paradinhas e saltinhos (imaginem Adam Sandler no filme “Zohan”).
Já no salão, dá de cara com Príncipe Bichop, que estava exasperado pela demora de Naced.
- Ai ai, Naced, onde tu estavas que não chegavas logo? O Coronel Igor falou-me que virias rápido. Mas que?! Se demoras mais um pouco eu iria parir um filho de Matusalém! – E com esse dito popular (bom, naquela época era um dito muito comum), Bichop pega-o pela mão e o puxa dizendo:
- Caro Conde, agora vou segurá-lo para que não fujas mais de mim, e dessa vez não terás mais desculpas para adiar a apresentação!
Carcot, vendo-se sem saída, apenas deixou o príncipe afrescalhado guiá-lo até a pessoa que ele cismou que tinha de lhe apresentar.
Durante a caminhada entre as pessoas do salão de festas, Príncipe Bichop dá uma parada repentina e fala com um tom de ternura:
- Mamãe! Olha, mamãe! Quero lhe apresentar a um amigo meu.
A rainha retribuiu o sentimento de ternura ao filho com sorriso angelical, mas perdeu sorriso e, com ar de espanto, olha para as mãos dos dois, que estavam unidas. Olha para o rapaz e fica mais assustada ainda, e fala em tom de decepção:
- Naced, o que faz aqui, e de mãos dadas com meu filho? Eu não sabia que gostavas de... de... bem, chutar com os dois pés!
Naced, naquela situação estranha, encontrava-se mais assombrado que a própria rainha e tenta corrigir aquele mal entendido flagra:
- Ah! Rainha Broockceta, não é o nada disso que estás pensando. Apenas o príncipe, em sua euforia, pegou-me pela mão para trazer-me à sua presença para apresentar-me à Vossa Alteza. Não és mesmo, Bichop?!
Bichop, percebendo o mal jeito, concordou e ainda consertou o que Naced havia dito:
- Claro! É isso mesmo. Só que não era para apresentá-lo à minha mamãe. Aliás, pelo jeito, vocês dois já se conhecem, ou é impressão minha?
A Rainha Broockceta então responde ao filho:
- Ah, sim, sim! Já nos conhecemos; foi numa viagem de negócios do seu pai. Fomos as terras de Tea Pay Gay D’Quattro; maravilhoso condado, chás deliciosos e exuberantes. Lá conhecemos o jovem Conde Naced Carcot. Lembra-se, conde?
Conde Carcot, com o olhar meio perdido e sem graça, responde:
- Claro que me lembro, Majestade; foram tardes... maravilhosas!
Bichop olha para os dois, sem entender bulhufas, atravessa na conversa e diz:
- Tá tá tá! Os dois já se conhecem, então tá bão... só que não eras a minha mamãe que eu gostaria de lhe apresentar! Se nos dá licença, mamãe, irei levá-lo até a pessoa que o espera. Ah! Só mais uma coisinha: o que quiseste dizer com “Chutar com os dois pés”?
A rainha, um tanto sem jeito, responde ao príncipe:
- Nada não, meu filho, bobagem da mamãe. Podes ir com seu amigo agora.
E Bichop sai arrastando Naced pelo salão. O conde, sendo arrastado, olha para trás e vê a rainha parada com cara de boas recordações.

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